quarta-feira, 16 de março de 2011

A nossa geração é cruel para ela própria

Eu não pude ir à manifestação no dia 12 porque estive a trabalhar. Tenho trabalho fins-de-semana e 12 horas por dia. A recibo verde, como já tem vindo a ser habitual.

Já li vários comentários de jovens que criticam outros jovens por se manifestarem contra esta Geração à rasca porque são vistos a beber imperiais no bairro alto a 5€ e mais não sei o quê.

Meus amigos e minhas amigas, não é por aí que se vão buscar argumentos.

Se poupar 5€ na saída de 6ªa feira à noite significasse que assim o futuro iria ser mais risonho e que conseguiriamos sair de casa dos pais e ter uma vida autónoma e independente, isso seria um óptimo sinal! Queria significar que não estamos à rasca, mas sim desgovernados nas nossas finanças.

Claro que para tudo há excepções. Mas estas generalizações acusatórias de que quem está à rasca não bebe cerveja e não tem telemóvel é estupidez.

A maior parte dos meus colegas foram trabalhar para o estrangeiro porque aqui não conseguiam arranjar trabalho remunerado. A maior parte das minhas amigas andam a adiar a maternidade porque não têm condições para o fazer (coisas tão simples como um emprego com contrato).

Tenho colegas que vão a entrevistas de emprego a conceituados ateliers de arquitectura e face ao excelente currículo e portefolio que apresentam oferecem um vencimento de 800€ BRUTOS a RECIBO VERDE e sem horário (entram às 9 e saem quando o patrão deixar). Sempre com o argumento que têm uma lista enorme de jovens estagiários que até pagam do próprio bolso para trabalhar ali.

Neste caso refiro-me a uma classe especializada, a dos arquitectos, que teve de trabalhar muito para tirar o curso (e nisto refiro-me a ter uma média de 19 valores para entrar no curso da universidade pública, fazer noitadas e directas semanalmente por causa dos trabalhos que eram imensos e trabalhosos, e pelo meio ainda ter de marrar para as disciplinas teóricas, mais um estágio curricular de 6 meses, um trabalho final e mais um estágio profissional para a Ordem dos Arquitectos que durou 1 ano e o respectivo relatório final). Uma classe de arquitectos à rasca porque não têm trabalho. Num curso caro e promissor e que só tira quem ama a profissão.

Tenho amigos que estão de bem na vida, têm excelentes empregos, com excelentes remunerações, mas contam-se pelos dedos. E tiveram a ajuda de uma cunha para os lançarem na carreira. É assim que as coisas funcionam.

E não me venham cá buscar situações do passado e o antes do 25 de Abril, e as emigrações para França e o raioqueoparta. Uma pessoa tem o direito e deve exigir sempre o melhor. Evoluir!
Não queremos que o nosso País regrida ainda mais. E o nosso País somos todos nós. Basicamente é disso que se trata.

1 comentário:

Summer disse...

Sou dentista...e a merd@ é a mm! Colegas de profissão de renome que pagam o ordenado mínimo pq há uma quantidade estúpida de alunos a formarem-se em dentária neste País!
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