quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A história de uma mala trocada

Quem nunca se enganou e pegou na mala de viagem de uma outra pessoa e só no meio de cuecas e roupa que não é nossa é que reparamos no big mistake, huge mistake?
Eu.

Já vi acontecer a amigas minhas e muito recentemente foi a vez do Guapo.

A minha mala é fácil de distinguir, tem uma cor forte e já tem defeitos que eu miro logo à distância. A minha mãe sempre teve pânico de lhe perderem as malas (nos vôos) então põe laços e laçarotes de todas as cores para saber que aquela mala pirosérrima é dela e que ninguém lhe toque.

Quando andamos de autocarro ou comboio não nos lembramos que situações de troca de bagagens pode sempre acontecer. Trocas, esquecimento, roubos, etc. Pois bem, o Guapo chegou de autocarro e tratou logo de ir buscar as malas para apanhar o metro no mesmo segundo para chegar a casa em dois. A pressa é inimiga da perfeição e, já quando estávamos a pôr o pé dentro do vagão do metro é que o Sr. Despassarado reparou que aquela mala preta não era a dele (eu bem que avisei que o preto é uma cor pesadelo para malas de viagem).

Sabem o que é que nos passa pela cabeça naquele minuto? Todas as asneiras deste planeta. Em português, inglês, francês, chinês, tudo! E principalmente a incredulidade. 'Não acredito! Eu não acredito! Não posso crer! E agora?'. Em modo repeat.

As minhas pernas pareciam chumbo com os nervos, não conseguia correr. Depois de voltar tudo para trás, de andar a saltitar de uma pessoa para a outra, que é mais responsável, que chuta para o outro departamento, que remata para o ponto de atendimento que já está fechado, o que nos resta? Resignação.

A mala do Guapo tinha o MEU portátil lá dentro e uma máquina digital novinha em folha. Ah, e as chaves de casa. Tudo para correr bem. A mala que ele trouxe por engano era de uma senhora com quase nada lá dentro. Se estivessemos perante uma pessoa mal intencionada, quem não trocaria meia dúzia de trapos por um portátil xpto e uma máquina fotográfica de topo?

Em modo cabisbaixo lá decidimos que ir para casa era o melhor remédio. No dia a seguir logo nos poríamos em campo para descobrir onde estaria a mala do Guapo. Coitado, ele sentia-se tão mal, estava com uma cara de meter dó. E eu sem saber como consolar. Por um lado estava chateada, o portátil era o meu, por outro lado, são enganos que toda a gente pode cometer em qualquer altura e o meu mais.que.tudo espelhava um sentimento de culpa que só dava vontade de pegar ao colo e fazer festinhas.

Neste caso a SORTE esteve do nosso lado nesta confusão toda. Mais uma vez, prestes a meter o pé no vagão do metro o Guapo olhou para uma coisinha plástica na parte detrás da mala e perguntou-me se eu sabia o que era. Eu olhei com descrença e disse que era onde se deve pôr o contacto (mas que ninguém põe). Com unhas e dentes conseguimos deslizar a pecinha que trazia a informação que nos podia salvar: o contacto de uma pessoa.

A partir daí foi tudo à filme. Eu liguei à senhora, que nem se tinha apercebido da troca (how is it possible??), fomos buscar o carro e voámos até à porta da casa da senhora que por sorte a nossa era uma pessoa de bem e correcta que nos devolveu tudo intacto. Nós respirámos de alívio. Eu senti-me abençoada no meio disto tudo.

Mantive sempre a calma e nunca chamei nomes ao Guapo. Que podia tê-lo feito, nestas alturas estamos autorizados a tudo, não é? Mas como eu é que sou conhecida por ser distraída, e sou, achei melhor ficar caladinha e guardar o dedo acusador para outras alturas.

UFFFAAAAAA!!!!

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