quinta-feira, 19 de outubro de 2017

A minha casa

A minha casa, é a nossa casa. Bem, é mais do Guapo do que minha uma vez que está em nome dele. Mas, como eu costumo dizer, o que é meu, é meu e o que é dele, é nosso :)

Adoro viajar, como sabem. Não de um jeito nómada, de ir à descoberta pura com uma mochila às costas. Eu NÃO uso mochilonas. Cada vez estou mais requintada nas viagens: no sítio onde vou dormir e nos sítios onde faço questão de ir comer uma iguaria local. Gosto de ter tudo mais ou menos programado: como me vou deslocar desde o aeroporto para o hotel, e vice-versa, como me vou deslocar nos sítios, faço sempre um pequeno-guia antes de partir.

Sem me desviar muito do assunto, eu realmente gosto muito de ver Mundo. Agora cada vez mais, pois é a única maneira que eu arranjo para desligar-me do trabalho. Se ando por Portugal o portátil vai sempre atrás, se vou para fora não há qualquer hipótese de ir com ele na bagagem. 

Na realidade há uma coisa que me faz mesmo muito feliz nestas coisas do 'partir', é saber que tem volta. Que tenho sempre o meu cantinho à espera. O nosso ninho, o nosso castelo. Passo muito tempo em casa a trabalhar e não me farto de cada centimetro deste nosso lar. Falta-lhe ainda uma ou outra tela para pendurar para ficar 'acabada', mas nada que faça muita diferença neste meu sentimento. A nossa casa não é grande, é relativamente pequena, mas é fluída, luminosa (e fria!!). A localização? Um euromilhões na sorte que tivemos nesse aspecto. 

Face às últimas desgraças de incêndios pergunto-me qual será o sentimento de ver o nosso porto seguro remetido a cinzas. Isto quando não nos é amputado o coração por nos levaram alguém querido no meio das chamas e cinzas. As mortes são desoladoras e aflitivas ao tentarmos pensar como foi esse fim...doloroso, aterrorizante, asfixiante. É um desnorte emocional. Mas nem sequer ter um canto nosso para fazer o luto? Uma referência da nossa existência? Nada, não há nada. Deve ser um desamparo tão grande e tão triste. Claro que são coisas materiais e tudo mais, mas ter um lar, um castelo nosso, que nos 'protege' do resto do mundo é das coisas materiais mais essenciais para a estabilidade emocional de uma pessoa.

Mesmo que se reergam os edifícios, o sentimento de abandono e de insegurança devem ser prementes...até quando o meu castelo ficará de pé? 

Enfim, fiquei a matutar nisto tudo...mesmo que não tivesse havido mortes, é de pensar nos que ficam feridos e desalojados.

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