terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Psicoterapeuta, precisa-se.

 Pois é, isto da maternidade tem muito que se lhe diga.

É muito tentador transformar qualquer blog ou conta de instagram num mummy blog. A verdade é que a nossa vida dá uma volta tão grande, que o centro do Universo passa a ser aquele ser humano que saiu de dentro de nós.

Acordar tarde ao fim de semana é uma miragem. Improvisar é quase impossível. Fazer longas horas de trabalho seguido é para esquecer. E a culpa permanente de achar que estamos a falhar em alguma coisa?

Eu, como me tornei uma hipocondríaca assumida, ando a sofrer muito. Toda e qualquer campanha de angariação de fundos para tentar salvar uma criança atingida por doenças raras que me apareça à frente eu contribuo sempre com qualquer coisa. Mas fico numa angústia constante de querer se a criança se salva, e (quase) nunca isso acontece. É terrível. Fico horas na internet a pesquisar sobre todas as doenças mais mirabolantes que podem acontecer com os nossos babies, é tão devastador. Porque essas doenças são tão repentinas e silenciosas que só quando há uma manifestação física é que se sabe que há algo de errado. Não vale a pena estar a fazer check ups e análises todos os dias, não há como evitar.

A minha Baby sempre que se queixa de alguma dorzita eu fico em pânico e embora tente disfarçar, acho que lhe transmito essa ansiedade, coitada.

Muitas vezes me questiono como é que eu consegui chegar a adulta viva e inteira. Agora que tenho uma filha, revejo e recordo-me de inúmeras situações da minha infância que estavam arrumadas numa gaveta.

Na realidade, não estavam arrumadas, estavam escondidas, agora cabe a mim arrumá-las. Ando efetivamente à procura de um psicoterapeuta para me ajudar nesse processo. 

Olhando para trás, vejo que os meus pais falharam imensas vezes (não propositadamente, a vida era assim mesmo), e a fatura de alguns traumas estão a cair agora.

Tenho uns 5 livros para ler (sem contar com os que já li) sobre crianças, cérebros das crianças, desenvolvimento das crianças, etc.), sigo pediatras, nutricionistas infantis, mummy instas, sempre à procura de informação. Para não falhar tanto, mas mesmo assim, sinto que falta sempre qualquer coisa.

A ansiedade de acontecer alguma coisa é tão grande que nem sei como aguento. Digam-me que isto é normal. É, não é?

Mal tenho tempo para estar com o Guapo, pois entre o trabalho, tratar da Baby, tratar da casa, telefonar aos meus pais (e ficar horas a ouvir as queixinhas de um e do outro), chega a hora do serão nem consigo olhar para o computador e adiantar mais algum trabalho, nem consigo ter uma conversa decente. O meu cérebro está em estado gelatina fora do frigorífico. T-O-D-O-S os dias. Ando tão cansada. Isto, e o Covid. E não poder ir aqui ou acolá. Não poder ir jantar fora ou ir ao cinema porque a nossa Baby não fica sozinha que não seja com o pai ou com a mãe. 

E os meus pais que me dão cabo do juízo mesmo estando longe (ao fim de mais de 40 anos de casados estão a atravessar a maior crise no casamento de sempre. A minha mãe teve um AVC isquémico e desconfio que isso lhe alterou a mioleira...está um pouco...doida).

O meu escape, a minha fuga sempre foram as viagens e desde julho de 2019 que não piso fora do Portugal. Aliás só temos andado entre Lisboa, costa oeste e algarve (por causa da família), tem sido asfixiante. Podia ser pior? Podia. Milhares de vezes pior, nem quero imaginar. Mas esta minha realidade está a tornar-me numa pessoa chata, negativa, ansiosa e estressada. Já nem sonho com o euromilhões, os pensamentos negativos que se desencadeiam por ganhar um prémio desses é tão pessimista que mais vale ficar quieta.

E pronto. Desabafei. Agora é encontrar um psicoterapeuta.


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