segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Para quem anda de bicicleta

 Há mais de 20 anos que não andava de bicicleta. Minto. Aluguei uma bicicleta em Miami (chiqueeee) e só fiquei com um hematoma do tamanho de uma bola de ténis na perna (enfiei a bicicleta num canteiro para não atropelar um ser humano).

Isto para dizer que, não sou um ás no guiador. Abençoadas ciclovias que me ajudam a locomover sem ser de carro! Não sei guiar só com uma mão, nem de rabo fora do selim (ou banco). Sou uma básica, com os dedinhos sempre a postos para carregar no travão.

Mas com o decorrer dos dias, bicicleta para aqui, bicicleta para acolá, uma pessoa lá vai ganhando experiência e segurança. Arrisca-se numa bicicleta eléctrica e descobre que é possível andar sobre duas rodas sem cansar e sem poluir (e sem carta de condução). Eu sou muito cuidadosa, sei que sou. Mas também sei que sou distraída, perco-me nos meus pensamentos.

Uma coisa que rapidamente constatei é que quando eu me monto numa bicla, parece que visto um manto de transparência e fico invisível para os condutores dos carros. É isso mesmo! É incrível como facilmente passariam por cima de mim não fosse o raio da bicicleta arranhar as jantes ou riscar o para-choques. Ou seja, para apanhar a ciclovia tenho de ir pela passadeira dos peões (e mesmo assim já ia sendo varrida por uma mota). 

Contudo, porém, um deste dias atropelei uma senhora na ciclovia. Pumba!!!

Fiquei em choque. É no que dá andar a pé na ciclovia (não pode), ao telemóvel (ainda por cima) e não olhar para trás quando se decide fazer uma guinada repentina a atravessar toda a ciclovia para apanhar o autocarro. A senhora foi contra a minha roda da frente e eu só mantenho os meus dentinhos todos porque chutei a bicicleta para o espaço (que calhou aterrar em cima da senhora).

Não tive culpa, gritei assim que a vi tomar balanço para cima de mim, mas aconteceu e mesmo assim fiquei a sentir-me super culpada. Ninguém ficou ferido (umas nódoas negras e tal), mas que foi um espectáculo aparatoso, lá isso...

Comecei a ter ainda mais cuidado. Assim que vejo alguém a aproximar-se da ciclovia começo a apitar e a gritar (chamem-me de louca), vou tão devagar que quase mais vale ir a pé, e fico passada com os meninos e meninas em alta velocidade em bicicletas e trotinetes a circular nos passeios (com ciclovias ao lado) a fazer rasantes aos transeuntes (onde se incluem crianças com direcção de circulação imprevisível).

Ou seja:

- Não andem a pé nas ciclovias;

- Não andem na rua com fones bloqueadores de som;

- Se estiverem ao telemóvel olhem por cima do ombro no mínimo de 3 em 3 segundos;

- Não andem de trotinetes/bicicletas/etc nos passeios para peões (e se tiverem mesmo de o fazer, andem devagar e com aviso sonoro à mão);

Estou disponível para multar todos os prevaricadores em cima de 2 rodas fora dos circuitos adequados com uma comissão de 20% sobre cada coima.

Grata.

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Continuando o registo da gravidezzzz

 (Nota: isto foi escrito durante a gravidez e nunca cheguei a publicar. Actualmente a pimpolha já tem dentes e praticamente 2 anos!! Sim, tenho estado realmente muito ocupada. Mas agora sou mãe, tenho desculpa para tudo, ahahahah)

Continuando...

Estávamos decididos a levar a sério a tarefa da procriação no seu tempo certo. Pelo sim, pelo não, esperamos passar as cirurgias da mãe do Guapo, e só ao fim de mais de 6 meses é que decidimos voltar a tentar. Pelo caminho decidi fazer acupuntura. Já que acompanhava o Guapo nas sessões por que não experimentar também?

Passado pouco tempo, sem saber ler nem escrever, descobrimos que estávamos grávidos novamente! Só porque a menstruação não apareceu. Tive zero sintomas, nada.

Entretanto comecei a recuar a pensar no que tinha andado a fazer sem saber que já estava grávida: comi sushi, carne mal passada, marisco, tinha ido à GO fazer uma CTG (!!!), viagem até Paris de avião onde fiz mais de 10km a pé por dia, fui até ao algarve, trabalhei que nem uma moura (bem, isso é normal). Marquei consulta com a minha GO quando fizesse as 6 semanas. 

Só que, quando fiz as 5 semanas os sintomas que eu não tinha apareceram de repente: dores nas mamocas (mas menos intensas que da outra vez) e enjoos. Tudo aquilo que fazia parte da minha alimentação base: proteína e vegetais, eu enjoei de vomitar. Não podia sentir o cheiro de comida que ficava logo com ânsias. Foi uma semana horrorosa à espera da consulta. Só conseguia comer uvas frescas, ananás fresco, pão com manteiga, marinheiras simples, arroz simples, pouco mais. Chegou uma altura que tive de enfiar a cara na sanita, não aguentava mais. Finalmente na consulta lá me passaram uns comprimidos para aliviar os sintomas (não trata os enjoos, que até são benéficos, mas alivia imenso!). Não me fez ter mais sono que o habitual. Pois com os enjoos eu só estava menos mal deitada de lado na cama, por isso mais valia dormir mesmo. Foi lindo ver aquela mancha no ecran da eco (sério, não percebo nada do que está no monitor), o coraçãozinho já batia, aiii...A médica até fez um comentário engraçado, que aquilo é que era um verdadeiro Kinder Surpresa! Ahahahah.

Com os comprimidos conseguia comer mais qualquer coisita, mas mesmo assim continuei com aversão a carne, peixe e vegetais. Consegui começar a comer um fundinho de sopa, que bem precisava pois andava presa dos intestinos que até doía. Enfim, gravidez é quase doença sim! O que é facto é que no primeiro trimestre não ganhei peso (no início até perdi 1kg).

Quando fiz 10 semanas a minha médica estava de férias (outra vez! bandida :)) e tinha recebido a má notícia de uma colega e de uma amiga minha que tinham acabado de perder os fetos. Fiquei passada!
Estava tão ansiosa que o Guapo arrastou-me para as Urgências do Hospital da Luz. Desta vez tenho a dizer que fui suuuuuper bem atendida. Era um médico, super compreensivo, explicou tuuuudo, fez uma eco, pôs-me a ouvir o coraçãozinho do nosso Kinder, aaaah, foi tão bom....

A partir daí acalmei um pouco e pensei em retomar a vida 'normal'. Só que.... Os comprimidos que eu tomo não são Nausefe (que só me dão sono e mais nada), são outros bem mais fortes para conseguir (sobre)viver. Uns dias resultam a 100% e estou óptima (ainda que com aversão a carne, peixe e vegetais). Consigo trabalhar normalmente e dou o litro. Obrigatoriamente tenho de fazer duas pausas (deitada ou estendida como o menino Jesus) -  ao meio-dia e às cinco da tarde. Sinto um cansaço excessivo e o corpo pede descanso (eu obedeço, porque posso, felizmente). Quando o medicamento não faz efeito a 100%, é um martírio. Só quero ficar na cama, sinto-me de rastos, são dias de produção zero, para esquecer. Forço-me para dar umas caminhadas (que fazia diariamente) quando estou em dias sim, mas (agora há sempre um mas), agora tenho dores no cóccix quando ando um bocadinho (às vezes até em casa só de atravessar o corredor), ainda estou para saber o que é isto.

Os dias foram passando e nós caladinhos que nem ratos a guardar este presente só para nós. Quando finalmente bateram as 13 semanas para fazer a eco de rastreio quase que desmaiava de tantos nervos. Acho que foi por isso que o Kinder não parava quieto na eco e andou sempre aos pinotes. Foi um alívio enorme e uma alegria tremenda ver que tudo aparentava estar bem. Ainda estamos desconfiados..'será mesmo?', será desta?'.

Entretanto veio o dia da Mãe e nada melhor do que anunciar a boa nova nesse dia (até porque eu já não tinha mais desculpas para inventar o porquê de não poder ir até ao algarve ou a festarolas da família - por todas as razões e mais esta: passei a enjoar andar de carro.

Foi uma choradeira (da parte minha mãe - vovó de primeira viagem) e alegria por parte da sogra (vovó de terceira viagem). Ainda tive o bónus dos meus pais ficarem connosco durante uma semana o que me deu algum conforto e companhia.