segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A solteirice aos 30

É tramado.
Tenho duas amigas que sairam de relacionamentos longos muito recentemente. Basicamente é como se fosse um divórcio, mas de uma maneira bem mais simplificada. Não há advogados, nem tribunais, papelada, burocracias e traumas que tais. Um sai de casa e o resto é um coração despedaçado.
 
Bem, coração despedaçado não será bem o caso. Quando se esgota uma relação, fica um vazio estranho.
 
Ora bem, estas minhas amigas padecem de um vazio-que-quer-ser-preenchido-à-força-toda. E onde buscam elas a nova cara metade? No Lux, nas festas do Algarve, etc.
 
Por um lado dizem que só se querem divertir, por outro lado lamentam-se que vão ficar para tias e que não há homens de jeito à solta.
Haver até há, eles é que não se querem deixar apanhar, digo eu!
 
Eu assisto a tudo isto e lembro-me de ter passado por todas essas ânsias. Durante os meus vinte anos. Nessa altura as minhas amigas estavam todas 'casadas' e eu tive de me entreter como pude. Nunca as acusei de não quererem sair por preferirem estar a ver novelas com os namoridos em casa.
 
E agora? É vê-las acusarem-me de cortes, de nunca querer sair (mentira) com elas as noites todas. Não tenho dinheiro para tal, não tenho pele que resista, nem  horas de sono que compensem. E verdade seja dita, o que me move para sair à noite é beber um bom copo e dançar até cair. Não me interessa se há homens lindos e solteiros, se vou encontrar x ou y. Não quero saber disso para nada. Diversão garantida é o que me atrai. 
 
Tenho a grande vantagem de ter um companheiro que pensa como eu (mas que é tão agarrado à almofada quanto eu).
 
Se tenho saudades das noites loucas a bombar. Não. Tenho saudades isso sim é de ter vinte anos e estar cheia de perspectivas e optimismo. Vejo-me com 30 anos e já meio desiludida com a profissão e com receio do futuro.
 
Se antes atirava-me de cabeça num avião a caminho de Barcelona sem conhecer ninguém e ir para lá trabalhar, hoje quero fazer o mesmo e não consigo. Medo de deixar a família. Medo do que posso ou não encontrar. Medo que possa arruinar a minha relação. MEDO!!! Nunca fui assim, e agora já me sinto a pensar duas vezes.
 
É a vida!
 
Bem, mas estou-me a desviar do assunto principal. Ser solteira aos 30 é tramado, sim. A inocência dos 'engates' perde-se algures no meio da conversa de já sermos todos adultos. Da impaciência de  termos de passar por tudo outra vez até alcançar a tão desejada estabilidade. O relógio biológico a bombar (excepto o meu) e o principe encantado que não aparece. E as adolescentes de hoje em dia puseram uma fasquia muito alta, esteticamente falando. Deixam-nos complexadas e a achar que somos cotas para aquelas andanças.
 
Eu já me senti assim a uma certa altura. Depois...depois conformei-me. O que for, será. E foi. Conheci o Guapo e nunca imaginei que ao fim de 4 anos estariamos juntos a morar por baixo do mesmo tecto e eu não entrar em paranóia.
 
Ninguém me diz que tudo não possa acabar daqui a uns tempos (bate na madeira toc toc toc) e depois fico solteira aos quarenta. E aí?
 
Aí vou para o Brasil, faço umas plásticas e arranjo uns garotões para me fazerem massagens.
 
Ou seja, eu dou tooodo o meu apoio às minhas amigas recém-solteiras, mas não as vou tratar de maneira diferente só porque têm mais tempo livre. Não vou sair todos os fins-de-semana e deixar o Guapo sozinho porque elas querem ir conhecer homens. Não vou deixar de me sentir bem na minha vida só porque não tenho a mesma disponibilidade de há uns anos atrás. O tempo que tinha quando eu era a única solteira do grupo. E gostaria de dizer que não é nas discos que se conhecem principes encantados, mas quem sou eu para estragar a festa?

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